A surpresa de que não havia nada nas redes sociais, em relação ao compositor, cantor e artista plástico Raimundo Makarra (Raimundo João Pinheiro Júnior), sob o impacto da sua morte na manhã de 14 de agosto passado, no Hospital Djalma Marques (Socorrão 1), em São Luís, e sepultamento na manhã do dia seguinte, no Cemitério do Gavião, levou, ontem, amigos e admiradores à reação otimista de que ele poderia intitular uma entidade que teria como finalidade promover a cultura, envolvendo a música, literatura, artes plásticas e teatro. Foi o que idealizaram Luzian Silva Fontes, folclorista, e dirigente fundador do Boi (de orquestra) União da Mocidade de Rosário, e vizinho de Makarra, quando moraram no Codozinho, e Herbert de Jesus Santos, jornalista, poeta, prosador, compositor, folclorista, e nome de proa do Boi (de matraca) da Madre de Deus, e da Fefcema (Federação das Entidades Folclóricas e Culturais do Estado do Maranhão), e que assinou, no JP Turismo, matéria ampla sobre a vida e obra de Makarra (encontrado por ele, amiúde, no Conjunto Bequimão, com um bom papo, quanto faziam na Madre de Deus), com informações de Luzian e do poeta e cantor Cesar Teixeira, que foi seu colega do Liceu. Adiantaram: “Listamos nomes importantes nos campos da Comunicação e da Cultura, de probidade e competência reconhecidas, para fortalecimento do intento, desde a ata de fundação, e antes formar uma comissão de notáveis para inteirar os familiares do saudoso conterrâneo do planejamento, numa congregação com o título provisório de ILA (Instituto de Letras e Artes) Raimundo Makarra.”
Consoante foi, amplamente, noticiado, vítima de AVC (Acidente Vascular Cerebral), Makarra foi internado, em estado grave, no dia 13 de julho, no Socorrão 1, na Rua do Passeio, quando ficou à espera de um leito de UTI, o que aconteceu poucos dias antes do seu falecimento, aos 65 anos, e após repercussão de vídeo na Internet. Foi programador visual da TV Educativa (TVE), atualmente Empresa Brasileira de Comunicação (EBC). Nascido em 12.10.1953, em São Luís, residiu grande parte da vida no Codozinho (Centro), e, nos últimos tempos, no Bairro Bequimão. Graduou-se em Desenho Industrial, pela UFMA, e foi da sua concepção a logomarca da TV Mirante.
Festival de Música da UFMA — O 1º Festival Universitário de Música Popular (Fump) ocorreu no segundo semestre de 1979, em meio às manifestações em defesa da meia-passagem no transporte coletivo de São Luís. Estava no ar, no auditório do Campus (Jarbas Passarinho), que, só para provocar a censura da ditadura militar, as composições que embalaram o I Fump carregaram no teor da mensagem política, raízes africanas, desigualdades sociais, e opressão. Makarra (com a toada Novilho Mágico) não deixou por menos: “Levanta e vai dizer ao povo/que a porteira rompeu!”
O parto de Boi de Lágrimas — Poderia haver sido numa das barracas de palha, no Largo da Festa de São Pedro, na Madre de Deus, onde Makarra deu à luz Boi de Lágrimas, quando as montanhas estiveram em dores de parto, mas delas não nasceria nunca um ridículo rato, em face da belíssima toada que saiu! O cantor e compositor Cesar Teixeira, que não é de jogar confete em carnaval errado, provavelmente, pensando em sua vitoriosa Boi da Lua, concordou em sua entrevista ao repórter Herbert de Jesus Santos, ao telefone: “É uma das mais bonitas canções do nosso repertório”! E aplicou umas cotoveladas nos contrários, para referir-se à genuína música maranhense, que é a folclórica: “Foi o que recebemos dos nossos mestres cantadores do bumba-boi, como Zé Garapé, Luís Costa, João Chiador, dentre outros!”
Texto: Herbert de Jesus Santos
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